Nos Anais a palavra "original" é usada no sentido de "fotocópia" (II 249-250 <<283-284>>; XIII 200 <<223>>, 508 <<560>>, 519 <<573>>, XV 43 <<53>>, 169 <<189>> 171 <<191>> 327 <<359>>) a fim de distinguir as fotocópias das cópias mimeografadas (IV 245-246 <<273-274>>).

"Traduções" de todos os documentos achavam-se à disposição no início do julgamento (II 159-160 <<187-189>>, 191 <<219-220>>, 195 <<224>>, 215 <<245>>, 249-250 <<282-283>>, 277 <<312>>, 415 <<458>>, 437 <<482- 483>>), mas os textos alemães não puderam ser examinados senão dois meses mais tarde. Tal foi imposto não só às sessões preparatórias e denúncias oficiais do julgamento, etc mas A TODOS OS DOCUMENTOS. A defesa não recebeu documento algum em alemão senão após 9 de janeiro de 1946 (V 22-26 <<31-35>>). Talvez os originais não existissem!

Os documentos que parecem ter sido preparados na mesma máquina de escrever incluem o Documento 3803-PS, carta de Kaltenbrunner ao Prefeito de Viena e carta de acompanhamento desse mesmo Prefeito, enviando a carta de Kaltenbrunner ao tribunal (XI 345-348 <<381-385>>). Essa carta de Kaltenbrunner contém um termo geográfico falso (XIV 416 <<458>>).

KARL DÖNITZ

Dönitz foi preso por "fazer guerra submarina ilegal" contra os ingleses. Na lei internacional tudo é questão de reciprocidade e de acordos internacionais, que só podem ser levados a efeito por meio da reciprocidade. Na guerra a melhor defesa contra uma arma é o contraataque vigoroso com a mesma arma. Os ingleses, devido a seu domínio dos mares, combateram em ambas as guerras por meio do bloqueio e do sistema chamado Navicert. Os navios neutros eram detidos no mar e obrigados a seguir para portos ingleses, onde eram examinados de acordo com fórmulas complicadas; se um país neutro importava mais alimentos, adubos, lã, couro, borracha, algodão, etc do que era julgado necessário para suas próprias necessidades em 1915 (pelos critérios dos britânicos), acreditava-se que a diferença estava sendo enviada para reembarque à Alemanha e toda a carga era confiscada por eles. Resultado: o navio (e com ele toda a sua carga) era confiscado e vendido em leilão, o que também constituía uma violação às cláusulas de todos os contratos de seguros marítimos britânicos).

Em 1918-19 o bloqueio foi mantido durante oito meses após o Armistício para forçar os alemães a assinar o Tratado de Versalhes. Centenas de milhares de alemães morreram à fome após a guerra enquanto os diplomatas hesitavam, o que constituía evidente violação das condições do armistício e de todo o Direito Internacional e, pelo que Hitler afirmou, "a maior violação da palavra de todos os tempos". O ponto de vista britânico parece ser de que o bloqueio em si foi legal mas levado a cabo de maneira inteiramente ilegal; cf. 1911 Encyclopaedia Britannica, "Neutrality"; 1922 Encyclopaedia Britannica, "Blockade", "Peace Conference". Na guerra contra o Japão os norte-americanos afundavam "tudo aquilo que se movia, desde o primeiro dia de guerra".

Os ingleses jamais ratificaram a Quinta Convenção de Haia, de 18 de outubro de 1907 sobre os direitos dos neutros, mas consideraram seus termos aplicáveis aos alemães e japoneses, a despeito de sua cláusula de participação de todos, isto è, a convenção não se aplica se um não signatàrio participar no conflito.

Os países neutros, entre eles os Estados Unidos, se queixavam-se de que isso violava sua neutralidade mas atendiam, mais uma vez violando sua própria neutralidade. A nação que permite sua neutralidade ser violada pode ser tratada como beligerante, determina a lei internacional.

Em 1939 os alemães tinham apenas 26 submarinos capazes de navegar o Atlântico, um quinto do total do total de submarinos da França, apenas. Ademais os sub-marinos alemães eram muito menores que os de outras nações. O contra-bloqueio contra os ingleses sômente poderia ser feito avisando aos neutros para não navegar em águas próximas às ilhas britânicas. Para os ingleses isso era "crime".

Desses 26 submarinos alemães, muitos se achavam, nesta ou naquela oportunidade, recebendo reparos, sem navegar, de modo que por alguns meses apenas dois ou três deles podiam estar operando no mar. Mostra-se óbvio que os submarinos não podem levar a efeito a busca e captura do mesmo modo como os navios de superfície. O submarino, vindo à superfície, quase não tem defesas contra o menor canhão montado em navio mercante, para não falar em rádio, radar e aeronaves inimigas.

Foi imposto pelos ingleses, em Nuremberga, que os submarinos alemães deviam ter vindo à superfície, notificado ao navio sua intenção de busca; esperar que o navio iniciasse hostilidades e depois afundar esse navio, presumivelmente com os canhões de convés do submarino; após o que, recolhessem as dezenas ou centenas de sobreviventes a bordo do submarino (onde eles estariam em perigo muito maior que em qualquer escaler salva-vidas) e levá-los à terra mais próxima.

Quando aviões ingleses apareciam e afundavam o submarino, matando os sobreviventes, estes haviam, está mais do que claro, sido "assassinados" pelos alemães. Nenhuma convenção internacional requer isso e nenhuma nação lutou desse modo. Já que salvar os sobreviventes tornava os submarinos incapazes de agir e com freqüência resultava na perda desse submarino e de sua tripulacão, Dönitz proibiu qualquer ato de salvamento. Isso foi considerado equivalente à uma ordem de "exterminar os sobreviventes". No entanto, durante o julgamento tal afirmação não recebeu validade.

Dönitz foi também acusado de incentivar o povo alemão a uma resistência inútil, crime igualmente cometido por Winston Churchill. Dönitz respondeu: "Foi muito penoso que nossas cidades ainda estivessem sendo bombardeadas e reduzidas a destroços e que por meio desses ataques de bombardeio e a luta continuada outras vidas se perdessem. O número dessas pessoas é cerca de 300.00 a 400.000, o maior número das quais pereceu no bombardeio de Dresden que não pode ser justificado do ponto de vista militar e não podia ser predito".

"Mesmo assim essa cifra é relativamente pequena quando comparada aos milhões de alemães que teriam perdido a vida na frente oriental, soldados e civis, caso houvéssemos capitulado no inverno" (XIII 247-406 <<276-449>>; XVIII 312-372 <<342-406>>).

HANS FRANK

Frank foi acusado de fazer centenas de declarações anti-semitas em documento de 12.000 páginas, intitulado seu "diário". O "diário" contém apenas uma página assinada por Frank e centenas de afirmações de caráter bem humano, que foram ignoradas (XII 115-156 <<129-173>>). As declarações foram escolhidas pelos russos e compostas em documento curto, apresentado como prova e Documento 2233-PS, invariavelmente chamado o "diário de Frank".

O "diário" real de 12.000 páginas consiste em resumos (não em anais ipsis litteris ou anotações estenográficas) e conferências em que cinco ou seis pessoas falavam com freqüência ao mesmo tempo, em circunstâncias de grande confusão. Não se mostra claro a quem tais afirmações deviam ser atribuídas (XII 86 <<97-98>>).

Frank deu seu "diário" aos americanos na crença de que o mesmo o favoreceria. Ele protestara contra a ilegalidade de Hitler em discursos públicos, correndo grande risco pessoal e tentara demitir-se 14 vezes (XII 2- 114 <<8-128>>; XVIII 129-163 <<144-181>>).

Frank se convencera de que as atrocidades haviam ocorrido, após ler sobre o Julgamento Soviético de Majdanek, na imprensa estrangeira (XII 35 <<43>>). Auschwitz não se achava no território controlado por Frank.

Ele encarava sua tarefa como a de criar um judiciário independente em um Estado Nacional-Socialista, tarefa essa que julgava impossivel. Em discurso proferido por ele a 19 de novembro de 1941, Frank afirmou: "A lei não pode ser degradada à posição na qual se torna objeto de barganha. A lei não pode ser vendida. Ela existe ou não existe. A lei não pode ser negociada na bolsa de valores. Se não encontra apoio, nesse caso o Estado também perde seu esteio moral e soçobra nas profundezas da noite e do horror".

As ilegalidades de Hitler jamais incluíram a aprovação de uma lei ex-post facto e em 3 casos a punição foi aumentada retroativamente (XVII 504 <<547>>).

O alegado saque de tesouros artísticos por Frank será examinado juntamente com o caso de Rosenberg, mais adiante.

WILHELM FRICK

Frick foi enforcado por "germanizar" os habitantes de Posen, Dantzig, Prússia Ocidental, Eupen, Malmedy, a terra dos sudetos, a terra de Memel e a Austria. Quanto a esta última, tratava-se de terras que haviam sido do Reich prussiano, separadas da Alemanha pelo tratado de Versalhes. Malmedy fala francês. As demais áreas, todas elas, falam alemão. A Austria não pôde subsistir como unidade econômica após 1919 e exigira sua união à Alemanha pelo voto de seus habitantes. Os vencedores aliados responderam, ameaçando cortar todos os abastecimentos de alimentos (XVIII 55 <<66>>, XIX 360 <<397>>).

Outro crime imputado a Frick foi o de ter morto 275.000 deficientes mentais, de acordo com o "relatório" da "Comissão de Crimes de Guerra" tcheca. Frick, como Göring, foi acusado por responsabilidades na existência de campos de concentração. Em sua defesa foi afirmado que a "custódia protetora" existira antes do acesso dos Nacional-Socialistas ao poder, tanto na Alemanha como na Austria. Nesta, foi chamada de "Anhaltehaft", tendo sido usada para aprisionar milhares de Nacional- Socialistas (XXI 518-521 <<572-576>>). "Custódia protetora" existe hoje, na Alemanha Ocidental, sendo chamada de "U-haft". No julgamento final de um dos mais importantes de Dachau, o Julgamento de Martin Gottfried Weiss e Trinta e Um Outros, Relatórios Legais dos Julgamentos de Criminosos de Guerra, Volume XI, pg. 15, publicado pelas Nações Unidas, encontramos o seguinte trecho:

"No caso do Campo de Concentração de Mauthausen... os fatos foram basicamente os mesmos, embora os números atingidos pelas baixas fossem muito maiores, como extermínio em massa por meio de uma câmara de gás que funcionou -

" Será este o reconhecimento de que não existia câmara de gás em Dachau? De acordo com os Relatórios Legais de Julgamentos de Criminosos de Guerra, julgamento nenhum em Dachau "provou" a existência de uma câmara de gás naquele local.

Em Nuremberga uma "cópia autenticada" do Julgamento de Gottfried Martin Weiss e Trinta e Nove Outros, foi apresentadacomo prova com aquela frase apagada como Documento 3590-PS (V 199 <<228>>) juntamente com três outros documentos alegando o extermínio em massa em Dachau (Documento 3249-PS, V 172-173 <<198>>, XXXII 60; Documento 2430-PS, XXX 470; e 159-L, XXXVII 621).

Frick recebeu do depoente a acusação pelos "gaseamentos em massa em Dachau" em sua declaração juramentada, Documento 3249-PS (escrita pelo tenente Daniel Margolies, também envolvido na falsificação de três discursos de Hitler, XIV 65 <<77>> e assinados pelo Dr. Franz Blaha) e de ter visitado Dachau. Frick negou isso e exigiu falar para ser confrontado com Blaha e depor em sua própria defesa. Isso lhe foi negado e Frick aparentemente desistiu. Jamais depôs. O resumo de sua defesa aparece em XVIII 164-189 <<182-211>>.

O depoente, Dr. Franz Blaha, comunista, tinha sido presidente da Associação Internacional de Dachau em 1961, afirmando ainda ter testemunhado gaseamentos em massa e outros artefatos que tinham sido feitos de pele humana.

O julgamento de Martin Gottfried Weiss se encontra em seis carretéis de microfilme (MII 74, Arquivos Nacionais). A documentação das câmaras de gás antes do julgamento (relatório, diagramas, bicos de chuveiro, carretel 1) jamais foi apresentada como prova e não está presente nas apresentações do julgamento (carretel 4). Os anais (carretéis 2 e 3) não mencionam qualquer câmara de gás em Dachau, a não ser por algumas frases no depoimento do Dr. Blaha (Vol 1, pp. 166-169. A pele humana provinha de toupeiras (vol 4, pp. 450, 462, 464).

HANS FRITZSCHE

Fritzsche se convenceu, com base em uma carta, de que as mortes em massa estavam sendo efetuadas na Rússia, e procurou verificá-lo. No entanto não conseguiu encontrar prova alguma (XVII 172-175 <<191- 195>>).

Fritzsche é defensor importante pois em seu caso foi admitido que os jornais estrangeiros publicavam muitas notícias falsas sobre a Alemanha (XVII 175-176 <<194-196>>, ver também XVII 22-24 <<30-33>>). No entanto essas mesmas reportagens e relatórios pelo rádio constituíram os "fatos de conhecimento comum" para os quais o tribunal alegou não precisar de provas (Artigo 21 de Regras Para Provas, I 15 <<16>>, II 246 <<279>>).

Foi demonstrado na defesa de Fritzsche que não existe convenção internacional alguma regulamentando a propaganda ou as histórias sobre atrocidades falsas ou verdadeiras e que apenas uma única lei nacional de um estado (Suíça) tornava ilegal insultar chefes de Estado estrangeiros. Que Fritzsche não podia ser culpado de fato algum tornou-se simplesmente irrelevante, em Nuremberga. Foi considerado indesejável efetuar um "julgamento" em que todos os acusados fossem condenados. Nas negociações que antecederam o veredito final foi concordado em que Fritzsche seria libertado (XVII 135-261 <<152-286>>; XIX 312-352 <<345- 388>>).

WALTER FUNK

Funk era pianista clássico vindo de família artística muito respeitada, casado por 25 anos à época do julgamento e ex-editor financeiro. Como a maioria dos acusados Funk se viu imputado de "executar atos imorais", tais como aceitar presentes de aniversário de Hitler, demonstrar "participação voluntária no Plano Comum". (Obviamente, tais actos não são ilegais).

Afirmou Funk que os ingleses e os polacos haviam conspirado para levar a Alemanha à guerra, na crença de que os generais alemães derrubariam Hitler (XIII 111-112 <<125-126>>).

Foi também acusado de conspirar com a SS a fim de assassinar os internos em campos de concentração para financiar o esforço de guerra, extraindo- lhes os dentes. Os dentes com ouro eram guardados em cofre no Reichsbank, juntamente com aparelhos de barbear, canetas, despertadores grandes e demais quinquilharia inútil. Foi esquecido o testemunho de Rudolf Höss, de que os dentes eram derretidos em Auschwitz (XI 417 <<460>>).

Funk declarou que as espécies e montantes de saque eram "absurdos" e fez ver que a SS agia como polícia alfandegária e fazia valer os regulamentos de controle de câmbio, incluindo a propriedade dos montantes de ouro, prata e moedas ou papel-moeda estrangeiro. Era muito natural que os SS confiscassem grandes quantidades de objetos valiosos e que eles, como órgão do governo, tivessem contas financeiras e as mesmas contivessem objetos de valor. Os alemães mantinham seus objetos de valor também nos mesmos cofres, aos quais o Reichsbank não tinha acesso, já que se tratava de contas de depósitos privados.

Com o aumento das incursões de bombardeio aéreo pelos Aliados, uma quantidade cada vez maior de objetos valiosos era depositada nos cofres por cidadãos alemães comuns. Por fim, após uma incursão especialmente destruidora sobre o banco, esses objetos foram retirados para uma mina de potássio em Thüringen. Os americanos encontraram ali esses objetos e falsificaram o filme feito sobre os mesmos.

Funk e seu advogado demonstraram a falsidade do filme usando uma testemunha de oposição, em testemunho dos mais astutos e no interrogatório duplo durante todo o tempo do julgamento (XIII 169 <<189- 190>>, 203-204 <<227-228>>, 562-576 <<619-636>>; XXI 233-245 <<262- 275>>).

Pouca vida teve, também, o testemunho ridículo de Oswald Pohl, Documento 4045-PS, no qual Funk era acusado de debater o destino a ser dado aos dentes de ouro dos judeus mortos a fim de ajudar na guerra, isso em jantar ao qual compareceram dezenas de pessoas, entre elas garçons (XVIII 220-263 <<245-291>>). Tal depoimento está em alemão e tem por testemunha Robert Kempner. Pohl foi mais tarde condenado por "vaporizar pessoas até que morressem" em Treblinka e fazer capachos com os cabelos das vítimas (NMT IV 1119-1152) (Quarto Tribunal Militar Nacional, Nuremberga).

Como outros acusados, Funk acreditava que os crimes houvessem ocorrido mas sustentou que nada sabia sobre eles. Sua crença de que tais crimes tivessem ocorrido não prova, em si própria, que tivesse base na realidade.

KURT GERSTEIN

Kurt Gerstein é muitas vezes citado como "testemunha" de um Holocausto; no entanto isso não é correto. Como "testemunha" geralmente se entende a pessoa que viu alguma coisa e que se apresenta para depor com base em seu conhecimento pessoal; Gerstein não fez isso. Foi declarante ou depoente sem juramento, o que significa que é simplesmente um nome surgido em "declaração" datilografada em francês, que ele pode ou não ter escrito (Documento 1553-PS, rejeitado em Nuremberga (IMT VI 333-334 <<371-372>>, 362-363 <<398-399>>).

Uma das histórias circulando sobre Gerstein é que ele fez essa declaração na prisão Cherche-Midi, e suicidou-se, e em seguida seu corpo desapareceu.

Mostra-se muito mais provável que a declaração tenha sido escrita em francês por interrogador-"intérprete" judeu alemão e que partes das incoerências (como a do inverno ocorrer em agosto, ou estar em automóvel, numa de suas frases e num trem na seguinte) resultasse de transcrição imperfeita das anotações do interrogatório e formulário de declarações. Nos julgamentos de crimes de guerra menores e nos julgamentos de crimes de guerra japoneses as "declarações" não juramentadas desse tipo são muito comuns, com base na teoria de que possuem "valor probante", porém menos "peso" do que as declarações juramentadas. Igualmente possível é que Gerstein também tenha morrido de ferimentos recebidos durante o "interrogatório"; ou talvez ele se enforcasse com a fita da máquina de escrever.

Esse documento foi mais tarde citado repetidamente no Julgamento de Pohl, onde ficou "provado" que Treblinka tinha dez "câmaras de gás" (1553- PS) e 10 "câmaras de vapor" (3311-PS) no mesmo campo, ao mesmo tempo.

G. M. GILBERT

Um dos relatos mais famosos sobre o comportamento e psicologia dos acusados no Julgamento de Nuremberga é aquele feito pelo psicólogo nascido na Alemanha, G. M. Gilbert, em seu livro Diário de Nuremberga. Grande parte desse material consiste em conversas que os acusados e outras pessoas, como Rudolf Höss, alegadamente mantiveram com Gilbert ou um com outro (!) e que Gilbert alegadamente anotou mais tarde, com base naquilo de que se lembrava, em sua memória.

Uma comparação de textos com os anais do Julgamento de Nuremberga demonstrará que os acusados não falavam no estilo atribuído a eles por Gilbert. Este não fazia anotações, nenhuma testemunha se achava presente.

As pessoas que crêem que os Documentos 1014-PS, 798-PS e L-3 sejam "discursos de Hitler", pelo menos em comparação com o Documento Ra-27, podem continuar acreditando que o livro de Gilbert contenha "declarações dos acusados no Julgamento de Nuremberga". Isto não exclui, é evidente, que possam ter sido feitas declarações semelhantes àquelas alegadamente "relembradas" por Gilbert. Este acreditava que os acusados haviam gaseado milhões de judeus. Se não sentiam culpa por seus atos, tal provava que eram "esquizóides".

Torna-se óbvio que tal crença por parte de Gilbert teria influenciado sua percepção e memória em certa medida, ainda que estivesse dizendo a verdade como se lembrava dela. Se mentiu, não foi o único "americano" em Nuremberga que o fez. Telford Taylor, por exemplo, foi incapaz de repetir com correção a mais simples declaração (ver XX 626 <<681-682>>), as declarações do general Manstein, comparadas à "citação" feita por Taylor quanto a esse general, XXII 276 <<315>>).

A desonestidade de Gilbert fica melhor comprovada no lançamento feito para 14 de dezembro de 1945: o major Walsh continuou a ler as provas documentais do extermínio dos judeus em Treblinka e Auschwitz. Um documento polonês dizia: "Todas as vítimas tinham de despir-se e se descalçar, sendo esse material colhido depois, com que todas as vítimas, mulheres e crianças em primeiro lugar, eram levadas para as câmaras de morte... as crianças menores eram simplesmente jogadas lá dentro" (p. 69, primeira edição).

A "prova documental" é, naturalmente, o "Relatório de Crimes de Guerra" comunista e as "câmaras da morte", naturalmente, são "câmaras de vapor" (III 567-568 <<632-633>>).

HERMANN GÖRING


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