Not Guilty at Nuremberg - Português

Final revision March 6 1996
All references revised in English and German
DUAL LANGUAGE REFERENCES - TRADUÇÃO PORTUGUESA
GERMAN PAGE NUMBERS IN <<BRACKETS>>
Dedicated to S.E. Castan
<< >> = paginação alemã>>

INOCENTES EM NUREMBERGA

Depõem os defensores dos alemães em Nuremberga
INTRODUÇÃO

Reescrever a História é coisa tão antiga quanto a própria História.

Os Anais de Tácito, por exemplo (xv 38), mencionam um boato de que Nero ateou fogo a Roma; tal "boato" foi mais tarde repetido pelos historiadores romanos como sendo um fato (Suetônio, Nero, 38: Dio Cassius, Epistolae, lxii 16; Plínio, Naturalis Historia, xvii 5).

Escritores posteriores submeteram esse "fato" a exame e reduziram tal "fato" à categoria de mero boato.

Em 1946 era "fato provado" que os nazistas haviam feito sabão de seres humanos (Julgamento, Tribunal de Nuremberga, IMT I 252 <<283>>; VII 597-600 <<656-659>>; XIX 506 <<566-567>>; XXII 496 <<564>>).

Esse "fato", desde então, ao que parece, tornou-se mero "boato" (Hilberg, "revisão definitiva", Destruição dos Judeus Europeus, Holmes e Mayer, NY, pg. 966: "Até o dia de hoje a origem do boato de fabrição de sabão humano não foi confirmada").

O "boato" juridicamente sem provas e de origem soviética (Mostra USSR 393) (uma garrafa de sabão, um jarro que cheira mal) se encontra no Palácio da Paz de Haia. Os funcionários desse Palácio da Paz o mostram a visitantes atentos e lhes dizem que é autêntico mas, ao que parece, não respondem cartas mandadas por pessoas que pedem que o sabão seja posto à prova.

Em 1943 corria o "boato" de que os nazis estavam matando os judeus com vapor, fritura, escaldamento, eletrocução, vácuo e gás; (como exemplo, The Black Book: The Nazi Crime Against the Jewish People, pp. 270, 274, 280, 313, apresentados como "provas" à comissão de Nurembergaa).

Em 1946 os "gaseamentos" haviam-se tornado "fatos", enquanto as vaporizações, frituras, escaldamentos, eletrocuções, aspiradorizações, continuavam a ser mero "boato".

(Nota: as "vaporizações" foram "provadas" no Julgamento de Pohl, Quarto Julgamento de Nuremberga, NMT IV, 1119-1152).

A "prova" de que os nazistas "gaseavam" judeus não se mostra melhor, em qualidade, do que a "prova" de que eles vaporizavam, fritavam, escaldavam, eletrocutavam ou aspiradorizavam; parece legítimo chamar tal "prova" ao banco dos réus.

Este livro contém o que não é uma história reescrita, porém simples guia de material histórico que foi esquecido. Os 312.022 depoimentos juramentados e autenticados pela lei, apresentados pela defesa no Primeiro Julgamento de Nuremberga, se viram esquecidos, enquanto os 8 ou 9 depoimentos juramentados apresentados pela acusação, a promotoria, e que os "desmentiam", são lembrados (XXI 437 <<483>>).

Este livro contém grande número de referências aos números das páginas. Os mesmos não se destinam a confundir, impressionar ou intimidar o leitor, nem a comprovar a veracidade da matéria por eles declarada e sim a ajudar as pessoas interessadas em pesquisar por conta própria à busca da verdade dos fatos, descobrir a realidade dos mesmos, verificar o que verdadeiramente ocorreu.

Se as declarações apresentadas pela defesa são documentos mais idôneos do que os apresentados pela acusação e referentes a sabão humano (Documento 397), meias de calçar em cabelo humano (Documento USSR- 511), hamburgers em carne humana (Mostra 1873, Julgamento de Tóquio), etc., caberá ao leitor decidir.

N.B.:

IMT = International Military Tribunal

(Julgamento Internacional de Nuremberga em 4 linguas)

NMT = National Military Tribunal

(julgamentos americanos de Nuremberga em inglês>

Ante a falta de mais indicoes ao contrario, toda paginação refere-se à edição americana do IMT. << >> = paginação alemã do IMT.

MARTIN BORMANN

Bormann foi acusado de "perseguir a religião", e de muitos outros crimes. O defensor de Bormann, o Dr. Bergold, fez ver que muitos países modernos (referia-se à União Soviética) são declaradamente ateus e que ordens proibindo sacerdotes de ocupar altos cargos partidários (isto é, cargos no Partido Nazista) não podiam ser chamadas de "perseguição". Nas palavras do Dr. Bergold:

"O Partido é descrito como criminoso, como conspiração. Será crime excluir determinadas pessoas da participação em uma conspiração criminosa? Isso é considerado crime?" (V 312 <<353>>).

Foram apresentados documentos nos quais Bormann proibia a perseguição à religião e permitia expressamente que a religião fosse ensinada (XXI 462- 465 <<512-515>>). Uma das condições dessa ordem era a de que todo o texto bíblico tinha de ser usado; partes apagadas, distorções ou manipulações do texto eram proibidas. As igrejas receberam subsídios do governo até o final da guerra. Devido à escassez de papel durante a guerra foram impostas restrições à impressão de todos os jornais, não apenas os religiosos (XIX 111-124 <<125-139>>; XXI 262-263; 346; 534; 539; <<292-293; 383; 589; 595>>; XXII 40-41 <<52-53>>).

O defensor de Bormann não teve grandes problemas para demonstrar que Bormann não podia ser condenado por crime sob as leis de país algum, já que se torna claro que os estenógrafos não são criminalmente responsabilizáveis por todos os documentos que assinem. Não ficou claro em que medida Bormann agiu meramente como estenógrafo ou secretário. Para a acusação, no entanto, a lei não vinha ao caso e Bormann foi sentenciado à forca. A sentença deveria ser levada a efeito imediatamente, deixando de lado extenso testemunho de que ele fora morto pela explosão de um tanque e provavelmente não se encontraria em um só pedaço, o que apresentava certos problemas de natureza prática (XVII 261-271 <<287- 297>>) na execução da sentença.

"ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS"

As provas da defesa quanto às "organizações criminosas" consistem no depoimento de 102 testemunhas e 312.022 declarações juramentadas (XXII 176 <<200>>).

A expressão "criminosas" jamais foi definida nesse julgamento (XXII 310 <<354>>; e também XXII 129-135 <<148-155>>).

Tampouco ficou definido quando tais organizações se tornaram "criminosas" (XXII 240 <<272-273>>). O próprio Partido Nazista foi declarado "criminoso" a partir de 1920 (XXII 251 <<285>>) ou então, talvez, apenas em 1938 (XXII 113 <<130>>) ou, ainda, não fosse criminoso, em absoluto (II 105 <<123>>).

As declarações juramentadas, em número de 312.022, foram apresentadas a uma "comissão" e as provas apresentadas a essa "comissão" não surgem nos anais do Julgamento de Nuremberga. Os Arquivos Nacionais de Washington, USA, não possuem cópia dos autos da comissão, jamais ouviram falar neles e não sabem do que se trata. Das 312.022 declarações juramentadas, apenas algumas dúzias foram traduzidas ao inglês, de modo que o tribunal não as pôde ler (XXI 287, 397-398 <<319, 439>>).

O presidente do tribunal, Sir Geoffrey Lawrence, não entendia alemão; tampouco Robert Jackson, acusador nesse "julgamento", conhecia esse idioma.

Devido a alteração de último momento, que foi efetuada (XXI 437-438, 441, 586-587 <<483-485, 488, 645-646>>), muitas outras declarações foram recusadas, em bases legais (XX 446-448 <<487-489>>).

A "comissão" preparou "resumos" que foram apresentados ao tribunal (milhares de depoimentos afirmando o tratamento humano proporcionado aos prisioneiros, etc). Tais resumos não foram levados em conta como prova. O tribunal prometeu ler os 312.022 testemunhos antes de formar seu veredito (XXI 175 <<198>>); quatorze dias depois foi anunciado que os 312.022 testemunhos não eram verdadeiros (XXII 176-178 <<200-203>>).

Em seguida um depoimento isolado, apresentado pela acusação, Documento D-973, foi tido como tendo "rebatido" 136.000 declarações juramentadas, apresentadas pela defesa (XXI 588; 437, 366 <<647, 483-484, 404>>).

As 102 testemunhas foram forçadas a aparecer e depor ante a "comissão" antes de se apresentarem ao tribunal. Em seguida, 29 dessas testemunhas (XXI 586 <<645>>), ou 22 delas (XXII 413 <<468>>) puderam se apresentar ao tribunal porém seu depoimento não teve permissão para ser "cumulativo", ou seja, não puderam repetir seu depoimento perante a "comissão" (XXI 298, 318, 361 <<331, 352, 398-399>>).

Em seguida, seis declarações juramentadas apresentadas pela acusação foram tidas como havendo "desmentido" o depoimento das 102 testemunhas (XXI 153 <<175>>, XXII 221 <<251>>).

Uma dessas declarações juramentadas estava redigida em polaco, de modo que a defesa não a pôde ler (XX 408 <<446>>). Outra era de judeu chamado Szloma Gol, afirmando ele ter desenterrado e cremado 80.000 corpos, entre esses o de seu próprio irmão (XXI 157 <<179>>, XXII 220 <<250>>). (Nos anais britânicos ele somente inumou 67.000 cadáveres.)

A acusação já encerrara sua apresentação quando isso ocorreu (XX 389-393, 464 <<426-430, 506>>; XXI 586-592 <<645-651>>).

Em seguida a acusação declarou em sua carga final que 300.000 declarações juramentadas tinham sido apresentadas ao tribunal e haviam sido examinadas durante o julgamento, dando a impressão de que se tratava de documentos dela, da acusação (XXII 239 <<272>>).

Na verdade a acusação atravessou todo o julgamento sem mais do que algumas declarações realmente importantes e dela própria. Vejamos, por exemplo, XXI 437 <<483>>, onde oito ou nove declarações foram apresentadas pela acusação contra 300.000 pela defesa; ver também XXI 200 <<225>>; 477-478 <<528-529>>; 585-586 <<643-645>>; 615 <<686-687>>).

Nos diversos julgamentos sobre os campos de concentração, como os julgamentos de Martin Gottfried Weiss, usou-se expediente mais simples: o mero emprego no campo, ainda que por apenas algumas semanas, foi tido como constituindo "conhecimento construtivo do Plano Comum". Esse "Plano Comum", naturalmente, não ficou definido. Não era necessário alegar atos específicos de mau trato ou mostrar que pessoa alguma houvesse morrido como resultado desse mau trato. 36 dos 40 acusados foram condenados à morte.

Os Anais da Comissão de Nuremberga se acham em Haia e preenchem metade de um depósito à prova de fogo e que vai do piso ao tecto. O depoimento de cada testemunha foi datilografado com a numeração iniciando-se à página 1, depois redatilografado, com paginação consecutiva alcançando muitos milhares de páginas. Os primeiros rascunhos e a cópia final se acham em pastas, juntos, grampeados, em papel muito quebradiço, com grampos enferrujados. E absolutamente fora de dúvida que, a não ser em Haia, alguém tenha jamais lido esse material.

O resumo relacionado ao depoimento das 102 testemunhas aparece em sua maior parte em letra pequena, volumes XXI e XXII, nos Anais do Julgamento de Nuremberga. O tipo pequeno significa que trechos foram apagados no resumo final da defesa (de outra maneira o julgamento se teria estendido por tempo demais).

Esse material preenche centenas de páginas. Nos Anais publicados no Reino Unido cada palavra desse material desapareceu. Em inglês, 11 páginas em tipo pequeno estão faltando entre os parágrafos 1 e 2 e à página 594 do Volume XXI. Os mesmos aparecem nos volumes em alemão (XXI 654, 664). A maior parte do resto parece encontrar-se lá.

Esse material cobre, por exemplo:

Os 312.022 depoimentos provavelmente se encontram depositados em um arquivo alemão. O Julgamento do Tribunal de Nuremberga é impresso duas vezes, nos volumes I e XXII. Mostra-se importante obter os volumes em alemão e ler os julgamentos no volume XXII, em alemão. Alemão fraco, erros de tradução, etc, cometidos pelos americanos, foram corrigidos com notas ao pé de página. Erros desse tipo, em documentos, podem ser tomados como falsificações.

De um modo geral os volumes IMT em alemão são preferíveis aos americanos. Pés de página freqüentes, por todos esses volumes em alemão, alertam o leitor quanto a erros de tradução, documentos que desapareceram e cópias falsificadas (por exemplo, XX 205 do processo verbal alemão: "Esta frase não está presente no documento original").

Os volumes em alemão em livros de bolso são obteníveis em brochura na Delphin Verlag, Munique (ISBN 3.7735.2509.5). (Apenas os Anais; anais e volumes de documentos em inglês são obteníveis na Oceana Publications, Dobbs Ferry, NY, em microfilmes).

DOCUMENTOS

A versão padronizada dos acontecimentos é a de que os Aliados examinaram 100.000 documentos e escolheram 1.000, que foram trazidos como provas e que os documentos originais foram então depositados no Palácio da Paz em Haia. Tal versão apresenta grande inexatidão.

Os documentos usados como provas em Nuremberga consistiam em grande parte em "fotocópias" de "cópias". Muitos desses documentos originais foram escritos de fora a fora em papel comum, sem marcas manuscritas de qualquer tipo, por pessoas desconhecidas. De vez em quando encontra-se inicial ou assinatura ilegível de uma pessoa mais ou menos desconhecida, declarando o documento como "cópia verdadeira". As vezes encontram-se carimbos alemães, de outras não. Muitos desses documentos foram "encontrados" pelos russos, ou "selecionados" por Comissões Soviéticas de Crimes de Guerra.

O volume XXXIII, volume de documentos apresentados que peguei e examinei ao acaso, contém 20 interrogatórios ou declarações juramentadas, 12 fotocópias, 5 cópias sem assinaturas, 5 documentos originais com assinaturas, 4 cópias de material impresso, 3 cópias mimeografadas, 3 teletipos, 1 cópia de microfilme, 1 cópia assinada por outra pessoa e 1 sem especificação.

Haia tem poucos documentos originais do tempo de guerra, se tiver algum. Também ali se encontram muitas "declarações juradas" originais e pós-guerra, ou declarações juramentadas, os anais da Comissão do Tribunal e muito material valioso da defesa. Tem também o "sabão humano" que jamais foi posto à prova e a "receita original de sabão humano" (Documento USSR-196) que é uma falsificação; mas, ao que parece, nenhum documento original alemão do tempo de guerra. Haia tem fotostáticas negativas de tais documentos em papel extremamente quebradiço e que foi grampeado. Para fotocopiar as fotostáticas os grampos são retirados e quando regrampeados, outros furos são feitos no papel. A maioria desses documentos não foi fotocopiada com freqüência e os funcionários em Haia dizem que é muito incomum alguém pedir para vê- los.

Os Arquivos Nacionais em Washington (ver o livro de Telford Taylor, Uso de Documentos Alemães e Correlatos, Capturados, Uma Conferência Nacional de Arquivos) afirma que os documentos originais estão em Haia. Haia afirma que os documentos originais se acham nos Arquivos Nacionais.

Os Stadtarchiv de Nuremberga e o Bundesarchiv Koblenz também não possuem documentos originais e ambos dizem que tais originais se encontram em Washington. Já que a maioria desses originais se acha, na maior parte, em forma de "cópias", é freqüente não se ter provas de que os documentos em questão tenham existido.

Robert Jackson (o juiz norte-americano que chefiou o julgamento) iniciou seus trabalhos citando os seguintes documentos forjados ou que não vinham ao caso: 1947-PS; 1721-PS, 1014-PS; 81-PS; 212-PS e muitos outros (II 120-142 <<141-168>>).

O Documento 1947-PS é a cópia da "tradução" de carta mandada pelo General Fritsch à Baronesa Schutzbar-Milchling. Mais tarde a baronesa assinou uma declaracão juramentada declarando jamais ter recebido a carta em questão (XXI 381 <<420-421>>).

A "carta" falsificada do General Fritsch à Baronesa Schutzbar-Milchling foi reconhecida como tal durante o julgamento e não se acha incluída entre os volumes de documentos, onde deveria aparecer em XXVIII 44. Jackson, todavia, não foi repreendido pelo tribunal (XXI 380 <<420>>).

Os americanos, entusiasmados, ao que parece forjaram quinze dessas "traduções", após o que os documentos originais tiveram sumiço total (ver Taylor, Documentos Capturados).

O Documento 1721-PS é falsificação na qual um homem da S. A. faz relatório a si próprio sobre como está levando a cabo uma ordem que é citada ipsis litteris no relatório. Marcas manuscritas às páginas 2 e 3 são falsificações evidentes de marcas à página 1 (XXI 137-141 <<157-161>>; 195-198 <<219-224>>; 425 <<470>>; XXII 147-150 <<169-172>>. Ver também Testemunho A Comissão, Fuss, 25 de abril, e Lucke, 7 de maio de 1946). Os Arquivos Nacionais têm uma fotostática positiva do Documento 1721-PS e Haia tem uma fotostática negativa. Tal "original" é fotocópia (XXVII 485).

O Documento 1014-PS é um discurso de Hitler, falsificado, escrito em papel comum por pessoa desconhecida. O documento apresenta o cabeçalho "Segundo Discurso" embora seja sabido que Hitler proferiu apenas um discurso naquela data. Existem quatro versões desse discurso, três delas falsificações: 1014-PS, 798-PS, L-3 e uma versão autêntica, Ra-27 (XVII 406- 408 <<445-447>>; XVIII 390-402 <<426-439>>).

Essa terceira falsificação, o Documento L-3, ostenta carimbo de laboratório do FBI e jamais foi aceito como prova (II 286 <<320-321>>), porém 250 cópias do mesmo foram distribuídas à imprensa como autênticas (II 286- 293 <<320-328>>).

Tal documento é citado por A.J.P. Taylor à página 254 em sua obra As Origens da Segunda Guerra Mundial (Fawcett Paperbacks, 2a edição, com Resposta aos Críticos, dando sua fonte como a Política Exterior Alemã, série D vii, No. 192 ee 193).

O Documento L-3 é a fonte de muitas afirmações atribuídas a Hitler, de modo especial "Quem hoje se lembra do destino dos armênios?" e "Nossos inimigos são pequeninos vermes, eu os vi em Munique". Ali, esse "Hitler" se compara a Gengiscã e diz que exterminará os poloneses, desferirá um pontapé na virilha de Chamberlain, diante dos fotógrafos. O documento parece ter sido preparado na mesma máquina de escrever que redigiu muitos outros documentos em Nuremberga, como as duas outras versões do mesmo discurso. Essa máquina de escrever era provavelmente uma Martin, fabricada pela Triumph-Adler Werke, Nuremberga.

O Documento 81-PS é "cópia autenticada" de carta sem assinatura e em papel comum, preparada por pessoa desconhecida. Se fosse autêntica teríamos o primeiro rascunho de carta jamais enviada. Referência é invariavelmente feita a ela como tendo sido escrita por Rosenberg, o que ele negou (XI 510-511 <<560-561>>). Falta assinatura ao documento, bem como iniciais, número diário em branco (uma marca burocrática) e não foi encontrado em meio aos papéis e documentos da pessoa a quem dirigido (XVII 612 <<664>>). O Documento 81-PS é fotocópia, com número soviético (URSS 353, XXV 156-161).

O Documento 212-PS também foi preparado por pessoa desconhecida, inteiramente em papel comum, sem qualquer marca manuscrita ou data, endereço ou carimbo (III 540 <<602>>, XXV 302-306, ver também as fotocópias de fotostáticas negativas em Haia).

Infelizmente se trata de caso bem típico. O Documento 386-PS, o "Hossbach Protokoll", o suposto discurso feito por Hitler em 5 de novembro de 1938, é fotocópia autenticada de cópia de microfilme de "cópia autêntica" redatilografada, preparada por um americano, de "cópia autenticada", redatilografada e preparada por um alemão, de anotações manuscritas, não autenticadas, feitas por Hossbach, e referentes a discurso feito por Hitler, escrito de memória por Hossbach cinco dias após tal discurso ter sido feito. Não se trata do pior dos documentos mas de um dos melhores, porque nele sabemos quem fez uma das cópias. O texto de 386-PS foi "redigido" (XLII 228-230).

Assim sendo o "julgamento por documentos" funciona da seguinte maneira: A, pessoa desconhecida, ouve alegadas afirmações verbais "feitas por B", e faz anotações ou prepara documento com base nessas alegadas declarações verbais. O documento é então apresentado como prova não contra A que fez a cópia mas contra B, C, D, E e uma série de outras pessoas embora nada haja para ligá-las ao documento ou às alegadas afirmações verbais. Declara-se de modo casual, como sendo fato, que "B disse" ou que "C fez" ou que "D e E sabiam". Isso vai contrariamente às regras de comprovação de qualquer país civilizado. Tampouco são os documentos identificados por testemunhas.

A falsificação de documentos originais foi raramente usada em Nuremberga porque os documentos não foram trazidos ao tribunal. O "documento original" - isto é, a "cópia"original e sem assinatura - era mantida em cofre no Centro de Documentos (II 195 <<224>>, 256-258 <<289-292>>).

Em seguida, duas "fotocópias da "cópia" (V 21 <<29>>) ou 6 fotocópias (II 251-253 <<284-286>>) foram preparadas e levadas ao tribunal. Todas as outras cópias foram redatilografadas em mimeógrafo usando estêncil (IX 504 <<558-559>>).


Continue . . .